segunda-feira, 11 de julho de 2011

ERA UMA VEZ UMA ÁRVORE

            O início das obras na Praça Marechal Deodoro deveria ser um motivo de satisfação para todos os taquarenses, afinal esperamos um longo tempo por este momento. Infelizmente, porem, este acontecimento resultou em um ato que me causou profundo pesar: a eliminação sumária de um exemplar de ficus elastica, árvore também conhecida como figueira-branca ou falsa-seringueira. Para quem não sabe, era (e há um imenso vazio) aquela árvore que estava próximo à entrada oeste, cerca de vinte metros abaixo dos banheiros.
             Soube que o novo projeto foi aprovado pelo órgão responsável pelo patrimônio histórico. Talvez isso possa ser usado como argumento para tentar justificar o injustificável. É, na verdade, uma clara falta de bom senso cometer um atentado contra um ente vegetal que não apenas havia se incorporado de forma majestosa ao visual da nossa cidade como estava destinado a se tornar ainda mais admirável. Num provável projeto criativo e imbuído de consciência, certamente esta árvore estaria incluída, assegurando um destacado incremento de beleza no que quer que viesse a ser construído em suas proximidades.
            Há vários exemplares desta espécie que podem ilustrar o que digo, mas vou citar um como exemplo. Em Porto Alegre, na Rua Dona Eugênia, próximo à esquina com a Corte Real, existe um exemplar de ficus elastica ocupando a calçada e parte da rua. Só há ali uma diferença: pessoas conscientes, alinhadas com as melhores idéias e atitudes do seu tempo (século XXI), que respeitam – e por isso preocupam-se em preservar – um ser que é motivo de admiração para qualquer um que tenha o mínimo de sensibilidade.
            Saímos perdendo. Infelizmente não há como compensar esta perda com outras tantas mudas novas de qualquer espécie. Perdemos também o tempo precioso do desenvolvimento de uma árvore que estava em pleno crescimento e iria permanecer vigorosa e saudável por muitos anos, pois apesar do tamanho ainda era muito jovem. Vale lembrar que esta espécie tem como uma de suas características a elasticidade e a resistência a vendavais. Como se tudo isto não bastasse, ela ainda estava num lugar onde não representava ameaça a nenhuma edificação.
             Aliás, estava provavelmente ameaçando uma edificação virtual, que já podia ser vista no monitor de um computador, onde uma árvore admirável é comparável a um item de uma biblioteca de imagens. Como um acessório fora de moda ela foi descartada.
            Saímos perdendo e esta perda permanecerá ativa, pois foi-nos roubada a possibilidade de continuar acompanhando o seu processo de desenvolvimento, que gera nos exemplares desta espécie uma beleza escultural única. De agora em diante, não poderei deixar de tentar imaginar, cada vez que passar ali por perto, como estaria aquele ente querido, símbolo da vida e da preservação que, por um ato abominável, tornou-se vítima da inconsciência e da insensibilidade.
            Só posso esperar que não venham encher a nossa praça com “árvores da moda” e que aquilo que for plantado agora não venha também a ser descartado em breve por uma próxima administração, como costuma acontecer.
            UMA PREOCUPAÇÃO ME INVADE AGORA: a Praça da Bandeira será a próxima a ser “revitalizada”. Onde está o projeto? A opinião dos habitantes desta cidade tem alguma importância? Todas aquelas árvores “velhas” e fora de moda também serão descartadas?
Deus nos salve da ignorância.

Herbert Schein Bender
herbert1s2b3@yahoo.com.br